quinta-feira, janeiro 08, 2004

(trabalho de Imprensa)

Bem-vindo sejas, 2004!



E como uma nova folha de um livro já nosso conhecido, assisti à chegada do novo ano sem nenhuma expectativa. Posso mesmo dizer que recebi 2004 com apatia, como se a noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro mais não fosse do que uma vulgar passagem… para um novo dia. Um ano é apenas uma baliza temporal, convencionada pelos homens, de modo a lhes permitir ter uma sensação de controlo do avanço desenfreado dos relógios, do avanço implacável do tempo.
Surge um ano novo, um ano que é antecedido de um 2003 escuro, frio, negro para a Humanidade. É certo que já houve anos bem mais negativos na História, mas 2003 fica marcado pela tirania, pelo desejo de um só país – que se auto-afirma o melhor, o imbatível, o intocável, o protegido por Deus – dominar o resto desta massa rochosa que habitamos.
Dadas estas circunstâncias, seria de esperar uma grande recepção ao novo ano, festejando com alegria a sua chegada… Mas não foi isso que aconteceu. E não fui o único ser humano a sentir isto. Aqueles que assistiram à passagem de ano através da “caixinha mágica” viveram um momento falso, pré-fabricado, gravado com antecedência. As televisões lutam entre si para fazer o melhor programa de passagem de ano. E não o fazem por um sentido de serviço público, mas sim de lucro.
Algo semelhante aconteceu nas ruas. Na sala de festas por excelência da Invicta – os Aliados – o “Reveillon” foi dado por encerrado por um implacável Rio. Se é verdade que os rios não têm ondas, cada vez mais me convenço que há Rio(s) que jamais irão deixar de as provocar, orgulhosos por tamanha proeza… Não vá o povo ficar cheio das cheias provocadas pelo Rio, fazendo com que a sua paciência transbordada e a esperança está em leito seco se transforme numa barragem que cesse o seu livre caminho.
E as badaladas discotecas que agitam o espírito nocturno dos portuenses aproveitam uma altura em que o cordão da bolsa anda um pouco mais solto para obterem um lucro só possível nestas alturas. Por 25€ temos uma noite – dizem eles – inesquecível, com muitas alegrias e surpresas ao longo da noite. Mas desenganem-se os que julgam que isto é mentira! Efectivamente, várias são as alegrias que temos. Nomeadamente, sempre que os nossos ouvidos se refazem da tortura exercida pelas violentas músicas latinas que ecoam entre aquelas paredes. E surpresas também temos. Um vasto leque delas! O ‘bar aberto’ anunciado transforma-se numa despesa encoberta, fazendo-nos ficar bastante surpresos ao acordar, quando abrimos a carteira. Depois, chegamos ao carro e reparamos que alguém mais generoso fez o acto caridoso de nos congratular com um risco de uma ponta à outra.
Devemos agradecer aos donos destes espaços nocturnos, pois foram uns queridos ao dar-nos tanto divertimento!
Só me resta dizer uma coisa:

Bem-vindo sejas, 2004!


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